Auxílio-paletó de deputados estaduais vai custar R$ 481 mil
Os deputados estaduais do
Amazonas vão receber, juntos, R$ 481 mil de “auxílio-paletó” no mês que vem. Com
este valor é possível adquirir 1.205 paletós com o custo de R$ 399, o mais
barato do mercado. Cada parlamentar irá receber R$ 20.042,35 mil, podendo
comprar até 50 paletós para o mandato de quatro anos. O benefício é pago no
início e no fim dos mandatos.
O líder do governo da Assembleia Legislativa,
deputado Sidney Leite (Pros), é um dos defensores do auxílio-paletó, e adiantou
que pretende investir o valor do benefício em “tecnologia”. “E eu vou investir
esse auxílio mais no meu gabinete, principalmente em tecnologia, porque é algo
que temos carência. A atividade do parlamentar tem algumas situações
diferenciadas no dia a dia. É uma ajuda legítima”, avaliou Sidney.
Para o vice-líder do governo na ALE, deputado
David Almeida (PSD), não há problema em receber o auxílio. “Essa ajuda de custo
era o chamado auxílio-paletó. Antes eram oito auxílios numa legislatura (quatro
anos), e eu vou receber, não pretendo devolver. É algo regimentado, legal. Não
vejo problema algum em receber”, defendeu David.
Indo para o quarto mandato como deputado,
Adjuto Afonso (PP) afirmou que irá usar o auxílio, todavia, “não para comprar
paletó”. “É só no começo e no final da legislatura e eu certamente irei usar,
não para comprar paletó, mas para outras atividades. E principalmente nesse
início de legislatura, onde você visita algumas bases pelo interior do
Amazonas, não vejo por que devolver. Já nesses dias vou visitar Boca do Acre,
Lábrea, Pauini, andar nas estradas, ou seja, estarei coletando subsídios para o
meu próximo mandato e isso gera custos e é nisso que utilizarei o auxílio”.
Pressão
Não reeleito para a próxima legislatura, o
deputado Marcelo Ramos (PSB) lembrou que, em 2013, quando a Casa Legislativa,
pressionada, votou o Projeto de Resolução reduzindo o pagamento dos 14º e
15º salários, o “auxílio-paletó”, a deputados, para apenas o início e o final
da legislatura, ele apresentou uma proposta para extinguir o benefício, mas que
depois voltou atrás e foi favorável a resolução.
“A minha proposta em 2013 quando houve
alterações no projeto que instituiu o auxílio-paletó era até mesmo no sentido
de extingui-lo, mas no final fizeram esse projeto copiando da Câmara dos
Deputados, instituindo essa ajuda de custo no início e ao final da legislatura,
então, tudo o que for legal eu vou receber. Tudo que for legal e não tiver
nenhum comprometimento moral, e não acho que esse tenha, eu vou receber. Eu
passei quatro anos afastado da minha atividade profissional (advogado) e todo
trabalhador que é, digamos, demitido, tem benefícios para receber até se
reinserir no mercado de trabalho”, sustentou Ramos.
Também reeleito, o deputado Francisco Souza
(PSC), através de sua assessoria de comunicação, declarou que “ainda não sabe
se vai utilizar” o auxílio.
Blog: Luiz Castro - Deputado pelo PPS
“Eu não sou empresário, não tenho
envolvimento com a corrupção, não tenho laranja, então tenho
dificuldade, sim, de manter meu mandato. Na verdade como se tornou um auxílio
no início e outro ao final da legislatura eu ajudei a aprovar. Estou analisando
se vou utilizar os dois, mas um pretendo utilizar. Sou um parlamentar de
oposição que enfrenta dificuldades financeiras, tanto para fazer, neste ano, a
minha campanha, quanto para investir no meu mandato, principalmente em relação
ao interior do Estado. Caso eu fosse um deputado que atuasse apenas em Manaus,
acredito que teria menos dificuldade. Manter um mandato independente não é algo
fácil, e tenho mantido”.
Ajuda de custo é um dos benefícios
O “auxílio-paletó” é um dos benefícios
a que têm direito os parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado do
Amazonas (ALE-AM), na esteira dos repasses concedidos aos deputados e
senadores, que atuam em Brasília.
À lista podemos somar a Cota para o Exercício
Parlamentar (Ceap) e a verba de gabinete, é destinada ao pagamento de salários
dos secretários parlamentares, funcionários que não precisam ser servidores
públicos e são escolhidos diretamente pelo deputado.
Na ALE-AM, além do salário de R$ 20 mil, cada
um dos deputados, por exemplo, recebe por mês R$ 25,6 mil de Ceap, e R$ 70 mil
de verba de gabinete. Em 2015, o salário passará para R$ 25,3 mil.
Ao contrário da ALE-AM, a Câmara Municipal de
Manaus (CMM) não paga “auxílio-paletó”. Mas libera contratações de assessores
no limite de R$ 60 mil e Cota para Exercício da Atividade Parlamentar
(Ceap) de R$ 14 mil. O vereador recebe R$ 15 mil.
Em números
10 deputados que perderam as eleições. Sem
mandato, a partir de fevereiro de 2015, eles receberão a última parcela do
auxílio-paletó.
155,6 mil Reais é quanto cada deputado terá
direito em janeiro: R$ 20 mil de salário, R$ 90 mil para assessores, R$ 25,6 de
Ceap e R$ 20 mil de auxílio.
Personagem: Deputado pelo PT, José Ricardo
‘Não sei se vou utilizar’. Reeleito para mais
quatro anos na ALE-AM, o deputado José Ricardo (PT) disse que
não sabe se irá utilizar a primeira parcela do auxílio-paletó da próxima
legislatura. Em 2011, ano em que ingressou na Casa, ele renunciou ao
direito de receber o benefício. E propôs o fim da verba. “Ainda estamos estudando.
Agora, eu não sei se tem a necessidade de usar o auxílio de início de
legislatura. Ainda não batemos o martelo, até o final de janeiro iremos
planejar e ver as nossas necessidades”, disse o petista.
O parlamentar explicou que, caso utilize o
benefício, será para a aquisição de computadores novos. “Nós vamos fazer um
planejamento do nosso próximo mandato e a gente deve precisar estruturar, com,
por exemplo, computadores novos. Eu comprei computadores logo no início deste
mandato e já está tudo defasado, e estou precisando fazer uma atualização. Não
tenho outra razão para receber, recebo e uso para estruturar o gabinete”,
afirmou o deputado.
Deputados e senadores também são agraciados
Nos mesmos moldes dos 24 parlamentares da
Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), a bancada federal do Amazonas também
recebe o auxílio-paletó As duas Casas (Senado e Câmara) contam com 11
congressistas representando o Estado, sendo três senadores e oito deputados
federais, e que vão receber em janeiro, um total de R$ 293,9 mil de auxílio-paletó.
O pagamento de um salário dos parlamentares –
hoje fixado em R$ 26,7 mil mensais – será feito no primeiro e no último mês dos
mandatos (quatro anos para deputados e oito anos para senadores) para custear
despesas com mudança para Brasília.
A partir de 2015, o valor do auxílio-paletó
será de R$ 33,7 mil. Na Câmara dos Deputados, os parlamentares que, em
fevereiro do próximo ano, vão receber o auxílio são: os veteranos Átila Lins
(PSD), Silas Câmara (PSD) e Pauderney Avelino (DEM), e os estreantes Hissa
Abrãao (PPS), Conceição Sampaio (PP), Alfredo Nascimento (PR), Arthur Bisneto
(PSDB) e Marcos Rotta (PMDB).
Questionado por A CRÍTICA sobre o que pensa a
respeito do auxílio-paletó, Hissa Abrãao disse desconhecer o benefício.
“Somente quando for empossado irei me informar sobre os benefícios a que tenho
direito, até lá prefiro não opinar”, afirmou.
No Senado, irão receber o auxílio-paletó:
Eduardo Braga (PMDB), Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Omar Aziz (PSD).
Em 27 de fevereiro de 2013, a Câmara dos
Deputados aprovou, por unanimidade, o Projeto de Decreto Legislativo 569/12 que
acaba com o pagamento dos 14º e 15º salários, a ajuda de custo aos
parlamentares no início e no fim de cada ano. O projeto aprovado foi de autoria
da senadora licenciada Gleise Hoffmann, e foi aprovado pelo Senado em maio de
2012.
Reprodução: acrítica.com


Deixe seu comentário