Deputados estaduais engordam fortunas em até 171%
MANAUS - Dos 24
deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), 12 são
milionários. E em um semestre, seis deles aumentaram suas fortunas em R$ 1,7
milhão. Ocupando uma cadeira no parlamento pela primeira vez, o empresário
Augusto Ferraz (DEM) foi o que mais prosperou nesse período. De outubro de 2014
a março deste ano, o parlamentar aumentou em 171% o seu patrimônio.
A
reportagem comparou a declaração de bens que os deputados apresentaram ao
assumir o mandato, em fevereiro deste ano, com a que eles informaram à
Justiça Eleitoral.
Augusto
Ferraz declarou ao Tribunal Superior Eleitoral, em outubro do ano passado,
possuir R$ 30 mil em capital da firma Distribuidora Ferraz, que tem como
principal atividade econômica, de acordo com a Receita Federal, o comércio
atacadista de cosméticos e produtos de perfumaria; R$ 15 mil em cotas do
capital social da empresa Ferraz Cred; um veículo Toyota Hilux no valor de R$
134.390 mil; R$ 1.288.999,62 de plano VGBL, totalizando R$ 1.468.389,62
milhão.
Seis meses
depois, Ferraz informou à ALE-AM possuir um patrimônio estimado em 3.986.559 milhões.
Nessa nova declaração, o político acrescentou aos seus rendimento um plano
“Bradesco Vida”; dois prédios, sendo um no valor de R$ 300 mil e outro por R$
200 mil, e ainda duas casas - uma no valor de R$ 200 mil e a outra por R$ 150
mil. O político declarou agora também R$ 964.800 mil em espécie.
Ano
passado, os 24 deputados estaduais possuiam R$ 29.588.124,14 milhões em bens
segundo o que foi declarado à Justiça Eleitoral. Já à ALE-AM esse valor subiu
para R$ 31.348.618,60 milhões, um acréscimo de R$ 1.760.494,46 milhão.
Além de
Ferraz, engordaram suas fortunas em seis meses outros cinco parlamentares: Bi
Garcia (PSDB) - cresceu 30%; Sinésio Campos (PT) - cresceu 23%; Sidney Leite
(Pros) - cresceu 9%; Sabá Reis (PR) - cresceu em 6%; e Adjuto Afonso (DEM) -
cresceu em 1%.
Bi Garcia
declarou à Justiça Eleitoral possuir dois veículos que custaram R$ 214 mil - um
avaliado em R$ 50 mil e o outro em R$ 164.400 mil. Já na declaração de bens
divulgada pela ALE-AM, o valor dos automóveis salta para R$ 326 mil, uma
diferença de R$ 112 mil.
O deputado
declarou ao TSE um apartamento no bairro Ponta Negra, área nobre de Manaus, no
valor de R$ 31.254 mil, mas à ALE-AM informou que o imóvel vale R$ 194 mil.
O parlamentar deixou de incluir na declaração
de bens repassada à ALE-AM, ainda, três contas bancárias que, somadas possuem
R$ 4.165,56.
O patrimônio de Bi Garcia declarou à Justiça, em 2014, era de R$ 890.882,95. Já à ALE-AM informou ter R$ 1.161.061, uma diferença de R$ 270.178,08 mil.
O patrimônio de Bi Garcia declarou à Justiça, em 2014, era de R$ 890.882,95. Já à ALE-AM informou ter R$ 1.161.061, uma diferença de R$ 270.178,08 mil.
Sinésio
declarou à Justiça Eleitoral possuir um patrimônio de R$ 883.320,05 em bens.
Para a ALE-AM, o petista informou ser milionário – R$ 1.084.814,37. Além dos
bens que informou ao TSE, o parlamentar, de acordo com a Assembleia, adquiriu
um apartamento no bairro Adrianópolis no valor de R$ 119 mil e mais um terreno
no valor de R$ 50 mil. O petista deixou de declarar à ALE-AM, também, R$
97.505,68 mil de plano de previdência privado “Bradesco Vida e Previdência”.
O ex-líder
do governo na ALE-AM, deputado licenciado Sidney Leite, declarou à Justiça
Eleitoral possuir um patrimônio de R$ 1.493.774,79. Para a ALE-AM, o político,
que agora é secretário de Estado de Produção Rural, disse possuir R$
1.626.774,79. O aumento de sua fortuna em R$ 133 mil é referente a uma conta
bancária na Caixa Econômica, que não constou na declaração feita ao TSE.
O deputado
Sabá Reis, que volta ao parlamento para cumprir o segundo mandato de deputado,
declarou à Justiça Eleitoral possuir R$ 1.415.000 em bens, e a ALE-AM informou
ter R$ 1.495.000 em bens. Um imóvel no valor de R$ 80 mil não constava na
declaração feita em outubro.
No quarto
mandato como deputado estadual, Adjuto Afonso declarou à Justiça Eleitoral
possuir R$ 1.542.607,62 em bens, já à ALE-AM disse possuir R$ 1.561.703,22. A
diferença de R$ 19.095,60 é referente a um apartamento localizado no bairro da
Raiz, que não foi declarado em outubro.
Deputados se explicam
À
reportagem, o deputado Bi Garcia (PSDB) declarou que o automóvel declarado à
Justiça Eleitoral no valor de R$ 50 mil foi vendido, e que o veículo que
aparece na declaração de bens da Assembleia Legislativa, no valor de R$ 146
mil, é referente a uma caminhonete da marca Toyota, que adquiriu após a
eleição.
Em relação
à diferença do valor do segundo automóvel declarado, onde na Justiça Eleitoral
aparece no valor de R$ 164,4 mil, e na ALE-AM salta para R$ 180 mil, o deputado
admitiu o erro. “Não sei porque aparece essa diferença, realmente foi um erro,
pois as duas declarações são baseadas no meu imposto de renda”, disse Bi
Garcia.
Sobre a
declaração de bens apresentadas à ALE-AM, onde quatro contas bancárias no valor
de R$ 4.165,56, que foram informadas à Justiça Eleitoral deixaram de ser
informadas à Casa Legislativa, o deputado disse que não há mais dinheiro nas
contas. “Por isso não informei, as contas estão zeradas, então não vi motivo
para declarar à ALE-AM”, justificou o deputado.
O ex-líder
do governo na ALE-AM e agora secretário de Estado de Produção Rural (Sepror),
Sidney Leite, classificou a diferença de R$ 133 mil na declaração de bens da
ALE-AM, quando comparada à apresentada à Justiça Eleitoral como “um
detalhe burocrático”.
O valor é
referente a uma conta bancária na Caixa Econômica. “O valor dessa conta
bancária deve ser referente a um imóvel que vendi, mas não tenho certeza. Mas
as duas declarações foram embasadas no meu imposto de renda”, disse Sidney.
O deputado
Adjuto Afonso (PP) justificou o aumento de R$ 19.095,60 na lista de bens
referente à aquisição de um apartamento no bairro da Raiz, dizendo que “foi
adquirido após a eleição”. “Por isso a diferença. Mas na minha próxima
declaração de imposto de renda, já será informado”, falou Adjuto.
Em nota, a
assessoria de comunicação do deputado Sabá Reis (PR) informou que o parlamentar
viajou para o município de Autazes, e só retornará a Manaus na segunda-feira,
30, e poderá conceder entrevista para esclarecer o aumento na lista de bens
declarados à ALE-AM. Procurado pela reportagem, o deputado Sinésio Campos
(PT) não atendeu as ligações no número 999xxxx91.
Sem 'vagabundagem'
O deputado
de primeiro mandato, Augusto Ferraz (DEM), que de outubro de 2014 a março deste
ano aumentou em 171% seu patrimônio, não soube explicar a diferença nas suas
declarações de bens. Ele orientou a reportagem a falar com seu contador.
“Isso
(diferença entre a declaração de bens feita à Justiça e a informação à ALE-AM)
quem tem que explicar é o contador, pois é ele quem tem que lhe explicar porque
houve esse aumento. Esses bens são relacionados a minha empresa, que carrega o
meu nome”, respondeu Ferraz, que é empresário do ramo de papelaria e material
escolar.
O
deputado, em outubro de 2014, declarou possuir R$ 1.468.389,62 e à ALE-AM, em
março, disse ter uma fortuna de R$ 3.986.559. Irritado, o político disse que
fortuna é fruto de trabalho. “Ninguém precisa ficar com leseira, com babaquice.
O certo é que esses bens foram adquiridos trabalhando, não foi com
vagabundagem, não”, respondeu.
Texto: acrítica.com
Foto:
Divulgação


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