Famílias mudam hábitos para controlar o orçamento familiar durante a crise
Mais da
metade dos brasileiros reduziram o consumo de produtos e serviços. É o que
comprovou a pesquisa realizada pela Mintel, em janeiro deste ano. O
levantamento comprovou que 56% cortaram custos principalmente referentes a
gastos com alimentação fora de casa (33%), saídas para entretenimento (29%), e
práticas esportivas, como mensalidade em academias (23%).
A comerciária Célia de Oliveira Soares faz
parte dessa porcentagem que mudou hábitos a fim de otimizar o orçamento
familiar. “Coisas básicas que colocando na ponta do lápis, faz a diferença.
Antes passávamos roupas sempre que terminávamos de lavar. Hoje, com o aumento
na conta de energia elétrica, só passamos as peças quando vamos sair com elas”,
destaca.
Faixa Etária
A pesquisa indica que os mais jovens –
pertencentes à classe média –, com idades entre 16 e 34 anos estão comprando
mais quando comparado as outras faixas etárias. O gasto está voltado para
produtos não essenciais, de marcas conhecidas (27%), e gastos com restaurantes
e fast foods (24%). Segundo Mintel, houve uma queda nos padrões de consumo em
todos os grupos pesquisados.
Na contramão dessa porcentagem de jovens tem a
Flávia Rocha, que poupa os gastos com “supérfluos”, como ela mesma caracteriza,
para investir na carreira profissional. “Comecei a economizar na gasolina,
depois em gastos com restaurante. Estava estagnada no emprego e decidi que
precisava fazer algo para mudar esse cenário”, destaca a estudante de economia
que pretende investir a sua economia em um intercâmbio de idiomas de 8 meses na
África do Sul. “É um retorno em médio prazo”, complementa.
A empresária, Samantha Oliveira do Carmo,
destaca atitudes que mudou não somente o seu hábito, mas o de toda a sua
família. A principal é colocar as contas na “ponta do lápis”. Segundo ela, o
controle é fundamental para saber onde o dinheiro está sendo gasto de maneira
descontrolada e como reduzir essa despesa, aplicando em coisas de “necessidades
fundamentais”. “Hoje, consigo pagar o plano de saúde dos meus filhos, que
antes, não era possível”, destaca.
Além disso, a empresária modificou o
passei dos filhos semanais em shoppings, cinemas, para balneários que têm uma
taxa, ou espaços públicos. “Desse modo, eu consigo comprar roupas para eles,
que é algo necessário”, afirma Samantha.
Empresas
Com o cenário atual, que consiste em
consumidores comprando a mesma quantidade ou menos, as empresas devem se
adaptar a realidade. Segundo Andre Euphrasio, analista de pesquisa da Mintel, a
recessão é o motivo para o controle consumista. Dessa maneira, as empresas –
para se manterem no mercado – precisam montar novas estratégias para atrair e
manter a atenção dos consumidores. “Eu não tenho medo da crise, é como se ela
filtrasse os que levam a sério seus negócios. Estamos preparados para superar e
mais que isso, se destacar entre as empresas que concorrem com a gente”,
destaca Ricardo Borba, empresário do setor de calçados.
Variações
Outro fator que também foi incorporado aos
hábitos econômicos dos brasileiros, segundo destaca o economista Igor
Gonçalves, foi a pesquisa de preço, principalmente em produtos que fazem parte
do orçamento mensal da casa, mas que apresentam variações de preços muito
rápidas. “A organização é primordial nesse momento considerado como crise. Além
das famílias estarem reduzindo gastos com produtos considerados não essenciais,
elas já passam a utilizar o processo de estocagem. Vão ao supermercado,
verificam na lista que o valor está mais acessível que na semana anterior, e
compram em maior quantidade, e deixam de lado os que apresentaram alta
significativa. A maturidade econômica nos brasileiros está chegando como fruto
da necessidade de segurar gastos. É assim que as sociedades superaram os
momentos de crise”, destaca Igor Gonçalves, economista.
Reprodução: acrítica.com.br


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